Na última quinta-feira, 10 de julho, a Aliança dos Produtores de Filme e Televisão (AMPTP) e o Sindicado dos Atores (SAG) reuniram-se durante mais de quatro horas pra tentar formalizar um novo contrato entre as partes. Porém, os resultados dessa reunião não foram nada proveitosos. Ao contrário da Federação Americana de Artistas de Rádio e TV (AFTRA), que alguns dias atrás votou a favor do contrato de três anos oferecido pelos produtores, o SAG decidiu responder com um sonoro não o contrato recebido.
Como a AFTRA, um órgão com 70 mil membros e cerca de 40 mil em comum o SAG, havia aceitado o acordo, houve certo alívio em Hollywood, pois esperava-se que o SAG e seus 140 mil membros fizessem o mesmo. Mas a recusa do órgão presidido por Alan Rosemberg levantou mais uma vez o pavor da greve dos atores, algo que teria muito mais impacto financeiro que a greve dos roteiristas, encerrada em janeiro desse ano.
O contrato dos atores, encerrado no primeiro dia de julho, parece não sair tão cedo. E A AMPTP promete que sua oferta é a final, e não deverá mudá-la até o dia 15 de agosto, data do potencial início de greve. Os produtores soltaram a seguinte declaração oficial:
A recusa da liderança do SAG em aceitar essa oferta é a última de uma série de ações que, em nossa opinião, coloca o processo de paz em risco. Os líderes do SAG fazem até uma perseguição à AFTRA, numa campanha de oposição desnecessária. Qualquer atraso em alcançar um acordo racional e compreensível é um desserviço à centenas de trabalhadores de nossa indústria, que temem seriamente o provável início de uma greve.
A AMPTP insiste que é contra o início da greve, e cedeu o máximo possível ao SAG – que querem mais dinheiro referente às novas mídias, como DVD e Internet. Por outro lado, o negociador do Sindicato dos Atores, Doug Allen, diz que não houve uma “recusa”, mas apenas uma “contraproposta compreensiva”. Mas ao contrário da AFTRA, infelizmente, nenhuma classe parece ceder dessa vez.
Caso aconteça uma greve, a televisão sofrerá novos atrasos em sua programação. A nova temporada tem início no fim de setembro nos EUA, e são poucos os shows que têm episódios inéditos de reserva. Alguns seriados como Heroes, House, Bones, My Name Is Earl, ER, CSI, CSI:NY, Criminal Minds, Brothers & Sisters, Chuck, Dirty Sexy Money e Life gravaram de três a quatro episódios dessa nova temporada. Porém, esmagadora maioria como Grey’s Anatomy, Desperate Housewives, CSI: Miami e The Office, e algumas séries de TV a cabo incluindo The Starter Wife, Monk, Psych, Burn Notice, Law & Order: Criminal Intent, Amor Imenso, Entourage, Weeds, Brotherhood, Dexter e Californication não têm nenhum episódio pronto, e a greve começaria justamente no reinício das gravações.
A situação dos seriados representados pela AFTRA também não é muito boa. A Federação que engloba grande parte das comédias de auditório, como Two And a Half Men, The Big Bang Theory e outras desse mesmo estilo, que não têm nenhum episódio pronto, enfrentariam dificuldades para gravar algo durante a greve. Como parte dos atores é membro das duas associações, estes provavelmente seguiriam com a SAG, que além de tudo, promete fazer pressão e agir com represália àqueles que furasssem uma eventual greve.
Isso tudo atrapalharia ainda mais o processo de gravação de pilotos e novas séries, atrasado desde a greve de roteiristas, que causou baixas audiências, redução de temporadas e uma perda estimada em mais de dois bilhões e meio de doláres – bastante inferior aos ganhos do acordo que assinaram. E esse lado negativo da greve dos roteiristas pode seguir na provável greve de atores, que vai encontrar uma Hollywood enfraquecida. Tomando apenas um pequeno exemplo de “desastre”, o presidente da NBC chegou a dizer que o canal pode falir diante de uma nova paralisação. Algo que, infelizmente, parece difícil de ser evitado.
Fonte:TeleSeries